INFÂNCIA DE GRACILIANO RAMOS - ANÁLISE
INFÂNCIA, 1945, GRACILIANO RAMOS “Nunca pude sair de dentro de mim mesmo, só posso escrever o que sou. E, se as personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só. Em determinadas condições, procederia como esta ou aquela das minhas personagens.” I – INTRODUÇÃO: Publicada em 1945, “Infância”, de Graciliano Ramos, é um romance que se distingue pelo traço memorialístico (narrativa que fica entre a história e a ficção). Entretanto, a obra não deve ser entendida como um documento da vida do autor e nem mesmo como um texto puramente autobiográfico. O processo memorialístico, dessa forma, oscila entre o passado e o presente, num jogo entre um narrador que lembra e analisa o recordado e uma personagem-menino que se localiza no enunciado. Esse constante entrelaçamento de pontos de vista enuncia á pluralidade de verdades dos tempos passado e presente, dentro de um mesmo discurso literário: da personagem, do narrador, do leitor virtual do livro q